Em Camamu, no Baixo Sul da Bahia, a política parece ter encontrado sua própria fênix, mas com um toque de tragicomédia. A ex-prefeita Ioná Queiroz (PT) retorna ao cenário político local com a energia renovada de quem já foi cassada duas vezes. É quase como se ela tivesse recebido um kit de sobrevivência política, incluindo um manual de como renascer das cinzas.

Ioná, que deixou uma série de obras inacabadas, incluindo quadras, creches e outros projetos com verba do Governo Federal, agora busca reconquistar a confiança do eleitorado. Quem sabe, talvez desta vez ela consiga terminar o que começou? Afinal, terceiro tempo é sempre um charme. Ou seria o terceiro impedimento?

A entrevista concedida na tarde de hoje (07) em uma emissora de rádio local foi um espetáculo à parte. Sem assessoria e visivelmente desajustada, Ioná ofereceu aos ouvintes uma série de declarações sem nexo que deixariam qualquer roteirista de comédia em êxtase. Em um dos momentos mais surreais, a ex-prefeita reclamou da falta de segurança pública em Camamu, esquecendo convenientemente que esta é uma responsabilidade do Governo do Estado – do qual ela faz parte e se apresenta como candidata.

Em uma declaração turística, Ioná diz que Camamu não avançou, pois os projetos quem toca é ela, mas sem citar qual projeto é este a vítima segue buscando plateia e deixando o governador Jerônimo Rodrigues em saia justa, uma vez que o atual prefeito Enoc Souza (Avante) e o Irmão Jairo (Avante) foram firmes coordenadores locais na busca da eleição do governador indígena.

Ioná também parece ter esquecido que aliou-se ao principal cabo eleitoral do cacique do União Brasil, ACM Neto, na cidade, o empresário Luis Luz e pedido votos para a legenda opositora no estado baiano, fato este que reverberou na alta de votos do ex-prefeito de Salvador na cidade de dois andares.

Com contas rejeitadas e acusações de dolo no processo, Ioná Queiroz parece estar competindo para o título de “política mais resistente de Camamu”. Seus críticos diriam que ela possui a incrível capacidade de desconsiderar as adversidades, ou talvez seja apenas uma grande admiradora do mito de Sísifo, condenada a empurrar sua candidatura montanha acima, apenas para vê-la rolar montanha abaixo repetidas vezes.