O “efeito zumbi” pegou a imprensa baixosulense

Nos últimos meses, a imprensa do Baixo Sul baiana tem vivido uma expansão curiosa – ou melhor, preocupante. Uma proliferação de sites de notícias emergiu, mas ao invés de se destacarem pelo jornalismo de qualidade e apuração responsável, estão reduzidos a meros replicadores de releases. Aparentam, em sua maioria, serem esteiras de copiagem e colagem, reproduzindo o que as assessorias de comunicação despejam sem sequer revisar, questionar ou investigar.

Isso criou um verdadeiro “efeito zumbi” no jornalismo local. A imprensa, antes vista como pilar de credibilidade e vigilância social, agora cambaleia, inerte, incapaz de produzir matérias autorais, de explorar a fundo temas que realmente importam para a sociedade. São manchetes sem vida própria, textos ocos, publicações que apenas repetem, sem alma, sem reflexão e, o mais grave, sem compromisso com a pesquisa e o contexto local.

O resultado? Uma imprensa fragilizada, desrespeitada e superficial, que mais parece trabalhar no piloto automático do que prestar o serviço público essencial que a comunicação deveria oferecer. A verdadeira essência do jornalismo foi trocada pela facilidade do copiar e colar. Quem ganha com isso? Certamente não é o leitor, que merece informação de qualidade e não um mar de repetições, as vezes nascidos dos textos da inteligência artificial que esta acessível a todos.

As prefeituras também precisam pautar adequadamente as estruturas para que o trabalho jornalístico seja feito de forma digna e completa. Eventos bem organizados, com informações claras e acessíveis, permitem uma cobertura mais responsável e informativa, além do envio de mensagens do que será replicado.

E não há como não lembrar de Magno Jouber. Magno, um dos maiores nomes do jornalismo regional, que deve estar decepcionado, lá dos céus, ao ver o que se tornou a imprensa da terra que tanto defendeu. Magno era inquieto, combativo, não tinha medo de escrever fora das versões oficiais. Hoje, a ausência de um espírito como o dele é sentida com ainda mais força diante desse cenário de comodismo e mediocridade.

Se não houver uma urgente reflexão e uma retomada de valores, o Baixo Sul corre o risco de perder completamente a voz crítica de sua imprensa. O jornalismo não pode ser apenas um eco das assessorias, mas um farol que ilumina o que precisa ser visto, investigado e compreendido. Que o legado de Magno inspire uma nova geração a sair do modo zumbi e voltar a fazer o que realmente importa: questionar, investigar e informar com responsabilidade.

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