Na manhã de hoje (07), a equipe do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) concedeu uma entrevista ao Livre Notícias, abordando as complexidades enfrentadas pela autarquia municipal. Encarregada da captação, distribuição e tratamento de água, o SAAE está atravessando um período tumultuado.
A qualidade da água fornecida aos habitantes de Valença tem gerado confusão e desinformação nas redes sociais locais, assim como em canais de comunicação municipais. A escassez de água tem repercussões negativas, enquanto as desinformações prejudicam a compreensão dos pontos cruciais relacionados à distribuição, especialmente o processo de tratamento.
O Chefe da Divisão Técnica do SAAE, Albertino Melo de Souza, esclareceu que a falta de água em Valença está vinculada à mudança nas características da água bruta captada. A diminuição dos níveis dos rios resultou no aumento do nível de lama nos mananciais, afetando a qualidade da água. As chuvas arrastam impurezas das margens para as águas, complicando ainda mais o processo de tratamento.
Albertino destacou a difícil decisão que o SAAE teve que tomar, optando entre fornecer uma quantidade usual de água com qualidade inferior ou reduzir a vazão para garantir a qualidade de acordo com as normativas. Cerca de 20 a 25% da capacidade de produção foram reduzidos para alinhar a qualidade da água com os padrões regulatórios.
Na Sala de Operações, os parâmetros físicos e químicos da água são monitorados a cada duas horas. Jonathan de Jesus, operador da Estação de Tratamento de Água, assegurou que os valores atuais estão abaixo dos limites estabelecidos, apesar das dificuldades enfrentadas e comentou sobre como são feitos os processos para que se cumpram as ordens da Portaria. “A portaria limita a cor até 15 unidades. Hoje nós estamos oferecendo água com 6 unidades de cor, menos da metade do limite que a portaria pede. Temos a turbidez até o valor de 5 unidades. A nossa turbidez é hoje 1,18. Então esses valores estão bem abaixo do limite máximo que temos para disponibilizar a população.”
A preocupação atual reside no descarte de parte da água captada devido à baixa condição de tratamento, levando a autarquia a escolher entre distribuir menos água de qualidade ou mais água com péssima qualidade.
Em relação ao prazo da diminuição das lamas presentes nos mananciais, e sobre a aparência amarelada e turva que a água potável vem apresentando, Albertino Melo, afirmou “O que está acontecendo agora é uma questão da natureza, por isso, não existe a previsão exata de quando poderá acabar, O SAAE está usando produtos novos e diferenciados, para que consigamos melhorias. Porém o grande problema é usarmos da água do rio, com ela da forma que está atualmente; um mar de lama, e jogar para dentro de uma estação de tratamento”.
Albertino Melo expressou otimismo em relação à melhoria gradual da situação, apontando para a redução dos índices de cor na água potável. No entanto, ele reconhece a imprevisibilidade da situação, atribuindo os desafios à natureza; “A tendência é melhorar o mais rapidamente, é isso que nós esperamos, até porque nós estávamos com 300 unidades de cor na água potável, hoje nós já estamos com 190, o que vale dizer que nós já estamos tratando mais a água do que tratamos três, quatro dias atrás”.
ETA Guaibim:
A equipe do Livre Notícias visitou também a Estação de Tratamento de Água da praia do Guaibim, a ETA Patí. O operador Jair Ramos explicou os procedimentos adotados em caso de água com coloração mais escura, atribuindo isso a fatores climáticos. Ele tranquilizou os moradores, garantindo que a água distribuída atende aos padrões potáveis após tratamento. “Quando acontece o aumento de cor, geralmente é por questões de fatores climáticos. Mesmo após o tratamento, e após todas as averiguações necessárias, nós só distribuímos a água se ela estiver dentro do padrão potável para consumo humano. Então eu digo que nós tratamos e distribuímos um produto que tem garantia.”
Jair também direcionou seu comunicado diretamente aos moradores da praia de Guaibim, “Gostaria de falar à população, que fiquem tranquilos porque a gente trabalha a partir de uma portaria. Existem parâmetros que estão entre um nível mínimo e máximo. E colocamos a distribuição dentro daquele nível. Agora, especificamente, apesar desses fatores climáticos não estarem contribuindo muito para facilitar o tratamento, no caso específico da ETA Patí, não temos tido esse problema, até porque o volume de água que nós tratamos aqui (no Guaibim), é bem menor que o de Valença.”
Acerca da distribuição de água na região do Guaibim, o Chefe da Divisão Técnica comentou sobre o aumento da demanda por conta do período do Carnaval, e tranquilizou os moradores em relação a qualidade da água potável. “No momento, a gente não está tendo problema no abastecimento de água do Guaibim, diferentemente de Valença, porque o consumo do Guaibim ainda está baixo, só aumenta no pico, onde cresce a população flutuante, que são pessoas que chegam em período festivo, passam três ou quatro dias e vão embora. Mas nós temos que pensar justamente nesses momentos. Por isso é que o Estado está trabalhando, reservando a água, instalando novos equipamentos para que possamos fazer como fizemos no Réveillon, que não faltou água. Se a água continuar melhorando, como está, baixando a cor, é possível que a gente tenha uma vazão ampla e total”.