A derrota de Ticiano Mattos nas eleições para a prefeitura de Taperoá escancara a profunda rejeição que o empresário sofre no município. Tentando, mais uma vez, conquistar o comando da cidade, Ticiano apostou em uma estratégia desastrosa que envolveu uma aliança impensada com Ioná Queiroz, prefeita derrotada de Camamu. A ex-prefeita, que já acumula um histórico de rejeição em sua própria cidade, parecia ser a última cartada de Ticiano para tentar criar uma base de apoio, que se revelou frágil e sem consistência. Além disso, ao trair a linha política de direita que sempre seguiu, e tentar se aproximar do PT e do deputado Rosemberg Pinto, Ticiano enterrou ainda mais suas chances de sucesso.
Essa aliança foi um movimento desesperado e mal calculado. Ioná, que perdeu as eleições em Camamu, é conhecida por sua baixa popularidade e pelos escândalos que marcaram sua administração. Apostar nesse apoio foi visto como um erro estratégico fatal, já que o eleitor de Taperoá não só rejeita figuras do PT como também enxerga Ticiano como alguém que está fora da realidade do município. A traição às suas origens direitistas também alienou grande parte de seu eleitorado tradicional, que se sentiu abandonado com a tentativa de aproximação ao PT. O resultado disso foi uma verdadeira avalanche de votos para a sua oponente, Kitty Guimarães.
Kitty, por sua vez, contou com o apoio explícito do governador Jerônimo Rodrigues, que não escondeu sua preferência. Com o respaldo do Palácio de Ondina, Kitty consolidou sua posição como favorita e venceu de forma clara, deixando Ticiano ainda mais isolado politicamente. O empresário, que outrora parecia ter potencial para liderar a cidade, agora se encontra sem padrinhos, sem alianças sólidas e sem uma base que o apoie. Sua tentativa de reunir forças externas, como a de Rosemberg e do PT, não só falhou, como o deixou à deriva em um cenário político onde a coerência e o compromisso com o povo local são essenciais.
O grande problema de Ticiano é que, além de suas alianças duvidosas, ele nunca conseguiu construir uma narrativa verdadeira em Taperoá. Residente fora da cidade, ele aparece somente em tempos eleitorais, o que gera um grande distanciamento com o povo taperoense. A cidade, que valoriza quem realmente vive e entende suas necessidades, rejeita figuras que surgem de fora apenas em momentos oportunistas. E Ticiano, ao longo de suas campanhas, jamais conseguiu romper essa barreira. Sua imagem de “forasteiro” continua a ser seu maior empecilho.
Enquanto isso, o eleitorado de Taperoá demonstra uma aversão clara a esse tipo de candidato. Ao longo da campanha, ficou evidente que Ticiano não soube se conectar com os anseios da população, e suas promessas vazias, sem embasamento na realidade local, só serviram para aumentar a distância entre ele e os eleitores. A sua tentativa de se aproximar por meio de alianças artificiais foi interpretada como desespero, e o povo de Taperoá deixou claro nas urnas que quer alguém que realmente represente seus interesses, e não um empresário que surge de quatro em quatro anos.
Além disso, Ticiano carrega agora o título de bi-campeão em derrotas eleitorais. Após mais essa derrota, ele se torna uma figura ainda mais enfraquecida no cenário político local, sem perspectivas claras de reerguimento. A falta de apoio interno e a rejeição crescente colocam em xeque sua continuidade na política. É improvável que o eleitor taperoense, que já rejeitou seu projeto por duas vezes, mude de ideia em uma eventual terceira tentativa.
No fim das contas, Ticiano Mattos sai das eleições de 2024 com uma lição amarga: não adianta construir alianças com figuras rejeitadas, mudar de lado politicamente e tentar se aproximar do povo apenas quando é conveniente. Ele se vê agora sem padrinho político, sem narrativa, e sem respaldo popular. E, com mais essa derrota no currículo, Ticiano pode começar a se preparar para, quem sabe, pedir música no Fantástico na próxima. Afinal, com três derrotas, seria o coroamento de uma carreira marcada pela desconexão com a realidade e os desejos de Taperoá.