Na última sexta (3), o proprietário do restaurante 33 Steakhouse, localizado em um shopping na Av. Tancredo Neves, foi acusado de assediar quatro jovens, entre 15 e 17 anos, no estabelecimento. O que era pra ser um momento de descontração para elas acabou se tornando um pesadelo. É o que afirma Judith Cerqueira, advogada, irmã de uma das vítimas.
O contato iniciou por volta de 21h30 de sexta. Segundo a denunciante, quando ele avistou as garotas sentada em uma mesa do restaurante se aproximou e começou a puxar assuntos estranhos.
“Ele se sentou na mesa com as meninas e começou a oferecer drinks, falou que queria levá-las para viajar, insistiu muito, de uma forma brusca, para pegar os números delas. Ele comentou que tinha um projeto de boate, que ia colocá-las para dançar nessa boate. Quando as meninas falaram que eram menores de idade, ele falou: ‘Mas não tem problema nenhum eu gostar de meninas menores de idade, isso aqui fica entre a gente’”, menciona a advogada.
Ele também teria convidado outros homens para apresentar às meninas, segundo a denunciante. A importunação chegou ao fim quando uma outra mulher, maior de idade, se sentou na mesa onde elas estavam para ajudar no caso.
Judith afirma que, mesmo assim ele ficou na porta do restaurante, olhando para a mesa delas o tempo todo, muito provavelmente esperando elas saírem para poder fazer alguma coisa com elas.
O QUE DIZ O ACUSADO
O Bnews entrou em contato com o acusado, que negou o ato. Segundo ele, a conversa que houve foi “de amenidade”, como ele tem o hábito de receber todos os clientes que frequentam o restaurante.
“Nunca houve isso. Eu conversei com as meninas, agora elas querem tirar proveito de tudo? Não ofereci bebida, não peguei nelas, que loucura é essa, que maluquice é essa? Eu estou há 18 anos no restaurante e nunca tive isso. Eu vou entrar em uma ação contra elas. Existiu uma conversa, como eu falo com todos os clientes lá, nunca houve uma denúncia contra mim. Isso é má intenção das meninas. A conversa foi de amenidade, de brincadeira. Sobre a boate eu só informei que estávamos abrindo uma lá. Não tem nada a ver essa história de dançar, nunca houve isso”, alega o empresário.
CONFIRA A NOTA DO RESTAURANTE
Em nota, o restaurante diz que a empresa e seus sócios “repudiam qualquer tipo de assédio e está tomando todas as medidas cabíveis para o melhor esclarecimento da situação”. “Primamos pela excelência no atendimento, comprovados ao longo da nossa existência, pautados pelo bem servir aos baianos, e fiéis os nossos valores bem como da sociedade”, diz o posicionamento.
O caso foi registrado na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca).
“A Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente investiga o assédio sofrido por três adolescentes na sexta (3). As vítimas relataram que estavam em um restaurante quando foram abordadas pelo proprietário do estabelecimento oferecendo bebidas alcoólicas e convidando-as para passear. O homem já foi identificado e prestará esclarecimentos na unidade especializada.”
MAIS 29 CASOS VIERAM À TONA
Após a denúncia de assédio sexual contra um dos sócios do restaurante 33 Steakhouse vir à tona, mais 29 casos foram registrados. O suspeito é Pedro Miguel, 59 anos, afastado das atividades da empresa.
Intitulado como um restaurante contemporâneo, o 33 mantém cerca de 14,3 mil seguidores em sua conta no Instagram. Após toda a polêmica, o perfil retirou a função de comentários de suas publicações a fim de minimizar o impacto e a repercussão que o assunto está tomando. Apesar de não ser uma boa estratégia, já que mostra o medo pelo boicote ao estabelecimento.
A partir do relato da publicitária Paloma Portela, de 37 anos, e pela irmã de outra vítima, a advogada Judith Cerqueira, de 24 anos, outras mulheres tiveram coragem de denunciar o agressor.