A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma operação nesta quarta (10) para prender uma quadrilha acusada de furtar mais de R$ 720 milhões de uma idosa de 82 anos, cujo nome não foi revelado. Além do valor, obras de arte de artistas renomados, joias e transferências bancárias também estão sendo recuperados.
A principal suspeita da polícia é de que o crime tenha sido planejado pela filha da idosa, uma das quatro pessoas presas na operação até o momento. Ao todo, são seis mandados de prisão, outros de busca e apreensão e bloqueio de bens decididos pela justiça.
De acordo com a polícia, a idosa é viúva de um grande colecionador de arte e marchand. Em janeiro de 2020, a vítima deixava uma agência bancária, em Copacabana, na zona sul do Rio, quando foi abordada por uma suposta vidente, e lhe disse que sua filha estaria doente e que morreria em breve. Desde então, a filha teria dado início ao golpe contra a mãe.
Diante da situação, a vítima, cuja filha enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência, se convenceu, inclusive pela filha, a realizar os pagamentos solicitados para o tratamento espiritual proposto pela vidente.
Segundo as investigações, entre os dias 22 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020, foram realizadas oito transferências bancárias que ultrapassavam R$ 5 milhões. Dias após o início do falso tratamento, a filha começou a manter a mãe em cárcere privado, isolando ela das pessoas. A suspeita também dispensou funcionários que prestavam serviços domésticos na casa da idosa, sua mãe.
O situação contribuiu para uma série de desconfianças e suspensão do pagamento de valores. De acordo com a polícia, foi após essa decisão que a idosa passou a ser agredida e ameaçada. As únicas visitas à residência eram feitas por conhecidos da filha, envolvidos com o golpe. Eles também passaram a ameaçá-la. A extorsão se converteu em novas transferências bancárias por parte da vítima.
Além de dinheiro e joias, a quadrilha roubou mais de R$ 700 milhões em quadros de artistas como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti. Ao todo, foram 16 obras. Três delas, avaliadas em mais de R$ 300 milhões, foram recuperadas em uma galeria de arte de São Paulo.
De acordo com o proprietário do estabelecimento ele teria vendido outras duas obras de artes para o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires. Ele não desconfiou por conhecer a família, e os quadros terem sido entregues a ele pela própria filha da idosa.