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Primeiro brasileiro morto por varíola dos macacos lutava contra um câncer

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Homem era mineiro e tinha 41 anos

Cinquenta dias após o país entrar oficialmente no mapa de infectados por monkeypox, popularmente conhecida como varíola dos macacos, a doença provocou a primeira morte de um brasileiro. Trata-se de um homem de 41 anos, natural de Uberlândia, cidade do Triângulo Mineiro, que veio a óbito na quinta (28) em um hospital público de Belo Horizonte (MG). 

De acordo com a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, que confirmou a morte na sexta-feira, o paciente estava em acompanhamento hospitalar para monitoramento de outras condições clínicas severas, mas não resistiu. O Ministério da Saúde informou que ele possuía imunidade baixa e comorbidades, incluindo linfoma (câncer que ataca o sistema responsável por combater infecções), que levaram ao agravamento do quadro.

A causa da morte, afirmou o ministério em nota enviada à imprensa, foi choque séptico, agravado pelo vírus monkeypox. Foi também a vítima fatal registrada fora da África, onde a doença é endêmica. No mundo, apenas cinco pessoas haviam morrido por esse tipo de varíola durante o surto atual, apontavam os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), compilados no último dia 22

No mesmo dia em que o Brasil confirmou o sexto óbito global causado pelo vírus, a Espanha elevou o número de vítimas fatais para sete, sendo a primeira na Europa. As demais ocorreram na Nigéria (3) e na República Centro-Africana.

Segundo balanço do portal Our World In Data, especializado em mapear doenças infectocontagiosas, mais de 18 mil casos confirmados de monkeypox no mundo, espalhados em 78 países. Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França lideram o ranking.

Brasil e Bahia
Até a sexta-feira, o Ministério da Saúde havia confirmado 1.066 casos de monkeypox no país, a maioria em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por enquanto, a pasta trata a doença como surto, que corresponde ao primeiro estágio da evolução de contágio por vírus, antes de epidemia e pandemia. Tecnicamente, a classificação é usada quando há aumento repentino no número de infectados em determinada região. 

Além de São Paulo, com mais de 800 casos, e do Rio, com 124, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal completam a lista dos cinco estados com maior quantidade de pacientes acometidos pela varíola do macaco, respectivamente, com 44, 21 e 15.  

A Bahia, que ocupa a sétima colocação no ranking nacional, tinha cinco casos registrados até a noite de quinta-feira, mas agora soma sete, todos em Salvador, após dois novos pacientes diagnosticados com a doença. Ambos são do sexo masculino, têm 30 e 31 anos, moram na capital baiana e apresentaram sintomas nos dias 14 e 20 de julho.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os dois novos pacientes não necessitaram de hospitalização, seguem em isolamento domiciliar e apresentam boa evolução clínica. Um dos infectados, acrescentou a SMS, está isolado no estado de São Paulo.

Casos da doença em crianças preocupa autoridades
Enquanto a varíola do macaco avança no país, a preocupação das autoridades se volta para o público infanto-juvenil, após três crianças e sete adolescentes terem diagnóstico positivo para o vírus, todos no estado de São Paulo. Segundo especialistas, a doença pode apresentar risco maior para a faixa abaixo dos 8 anos. 

Em entrevista concedida à CNN, o infectologista Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alertou para eventual gravidade maior para as crianças com monkeypox.  

De acordo Sáfadi, menos de cem casos foram reportados nesse público em todo mundo. ”Contudo, o que se sabe é que as crianças são, sim, um grupo vulnerável e mais frágil às complicações da doença”, disse.

“O que se sabe, de forma geral, é que a varíola dos macacos tem risco maior de desfecho grave nos imunocomprometidos e nas crianças pequenas, abaixo de 6 a 8 anos”, emendou. É exatamente a faixa dos primeiros pacientes desse grupo acometidos pelo vírus no Brasil. Todos têm entre 4 e 6 anos. Já os adolescentes variam entre 10 e 19 anos, segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Na capital paulista, um menino de 4 anos e duas meninas de 6 sem sinais de gravidade e cumprem isolamento domiciliar, com bom estado clínico e acompanhamento, disse o órgão.

Ministério anuncia encomenda de 50 mil doses de vacina
Após o Brasil registrar a primeira morte por varíola do macaco, o Ministério da Saúde decidiu encomendar 50 mil doses da vacina contra o vírus. A previsão, de acordo com a pasta, é que cerca de 20 mil unidades cheguem ao país em setembro e o resto em novembro. O imunizante é produzido por um laboratório da Dinamarca. Já solicitação dos lotes para o Brasil foi feita à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

O secretário de Vigilância do ministério, Arnaldo Medeiros, explicou na sexta-feira que a vacina encomendada é produzida a partir de um vírus não-replicante. “A OMS (Organização Mundial de Saúde) não recomenda vacinação em massa. Não estamos falando em campanha, como fizemos com a covid-19. São doenças absolutamente distintas”, disse Medeiros.

Segundo ele, o público-alvo da vacina será o de trabalhadores da área de saúde que fazem o manejo das amostras coletadas e tiveram contato direto com pessoas infectadas. Ao mesmo tempo, o ministério decidiu instalar um Centro de Operação de Emergências para monitorar os casos de varíola dos macacos no Brasil e elaborar um plano de vacinação contra a doença.

Fonte: Correio 24 Horas

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