Sindibeb – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas da Bahia
Com dívidas estimadas em R$ 4,2 bilhões, o Grupo Petrópolis, dono das cervejas Itaipava, Black Princess e Cacildes, entrou em recuperação judicial na última segunda (27). A empresa possui 8 fábricas espalhadas pelo Brasil.
Petrópolis (RJ), Teresópolis (RJ), Boituva (SP), Bragança Paulista (SP), Rondonópolis (MT), Alagoinhas (BA), Itapissuma (PE), Uberaba (MG) e alguns centros de distribuição fazem parte do império do grupo.
Funcionários da fábrica de Alagoinhas relataram estar temerosos com o futuro. Inaugurada em 2013, o empreendimento tem 680 pessoas diretamente empregadas, que não recebem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) desde novembro de 2021 e temem que a crise reflita em uma falência.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas da Bahia (Sindibeb), Alberto Evangelista, reclama da falta de contato direto da fábrica com os trabalhadores, que tiveram um pedido de reunião com a empresa negado.
Através de diálogo com a Caixa Econômica Federal a divida será paga de forma parcelada. Os empregados não tiveram participação nos lucros dos últimos dois anos. O sindicato acredita que a comunicação realizada por meio de nota só aumenta a sensação de incerteza.
Os trabalhadores também se preocupam com a possibilidade da empresa não conseguir arcar com as dívidas, posteriormente. “A tendência é que a empresa fique ainda mais descapitalizada”, afirmou Alberto Evangelista, em entrevista.
Perante uma situação de falência da empresa, o receio é que ela seja comprada pelo Grupo Heineken que já possui uma planta em funcionamento em Alagoinhas. “Caso isso aconteça, o número de desemprego vai ser grande por que dificilmente uma mesma empresa vai manter duas plantas daquela envergadura no mesmo município a sete km de distância”, disse o sindicalista.
Por outro lado, a prefeitura de Alagoinhas informou ao Metro1 que não há motivo para temer a paralisação de funcionamento da planta ou demissões. “Temos uma relação muito boa com a empresa e estivemos em diálogo com diretores que garantiram que não há possibilidade de paralisação das atividades”, declarou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Fagundes. “Talvez, neste momento, o reflexo apareça em possíveis investimentos em empresas que fornecem insumos para a Petrópolis. O município, em si, pode deixar de ganhar, mas não perde”, acrescentou.
O economista Edval Landulfo analisa que, embora sempre haja risco, a dívida do Grupo Petrópolis é considerada baixa dentro do setor e a fábrica tem condições de honrar seus compromissos com fornecedores.
“Quando a empresa pede recuperação judicial é para ganhar fôlego e empurrar essas dívidas para frente. Ela agora tem um fôlego para se organizar e uma dívida pequena, que dá para resolver num prazo curto, de até 2 anos”, explicou.