Um grupo de médicos do Hospital Infantil de Boston e do Hospital Geral de Massachusetts, ambos localizados nos Estados Unidos, executou uma cirurgia cerebral inovadora para salvar um bebê que ainda se encontrava no útero materno. A realização bem-sucedida do procedimento foi documentada em um artigo publicado na última quarta (3) na revista Stroke, da American Heart Association.

O bebê foi diagnosticado com malformação aneurismal da veia de Galeno (VGAM) – uma dilatação do vaso mais importante do sistema venoso profundo – com 34 semanas. De acordo com os médicos, ele tinha uma veia curva no cérebro.

Nessa situação, as artérias do cérebro drenam o sangue diretamente para as veias, em vez passar pelos capilares, o que pode aumentar o volume do líquido no coração, resultando no aumento da pressão arterial. A doença, extremamente rara, leva à morte de 30% das crianças nascidas com a condição antes que elas completem 11 anos.

CIRURGIA

Utilizando um exame de ultrassom, os médicos foram capazes de identificar a localização precisa da artéria doente e, em seguida, realizaram uma incisão no útero da gestante para acessar o cérebro em desenvolvimento do feto. Durante a cirurgia, uma bobina foi implantada próximo à artéria para limitar o fluxo sanguíneo.

Segundo o cirurgião Darren Orbach, do Hospital Infantil de Boston, a abordagem cirúrgica realizada antes do parto pode reduzir significativamente o risco de danos cerebrais permanentes, incapacidade ou morte em crianças afetadas pela doença.

“Essa abordagem tem o potencial de marcar uma mudança de paradigma no tratamento da malformação da veia de Galeno. Fizemos o reparo antes do nascimento e evitamos a insuficiência cardíaca antes que ela ocorra, em vez de tentar revertê-la depois”, disse Orbach.