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Silêncio que mata: Os perigos da neutralidade frente a agressões

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Fernanda dos Santos Ferreira, 23 anos, foi vítima de um atentado a tiros na madrugada desta quinta-feira (11), no posto de combustível da Praça Cairu, em Ilhéus. A câmera de segurança capturou o momento em que um homem não identificado a agarra, atira contra a cabeça da vítima, e foge do local num automóvel modelo Palio.

Fernanda, mesmo após ser alvejada, não recebeu assistência imediata. A identidade do atirador ainda é desconhecida, porém existem suspeitas de que os dois poderiam ter algum tipo de relacionamento, as autoridades estão investigando o caso.

Após o crime, cerca de sete testemunhas presentes no local se distanciaram, ignorando a necessidade de prestar socorro à Fernanda. Mesmo após a chegada da SAMU, a jovem não resistiu aos ferimentos.

É relevante destacar que, de acordo com o Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, a omissão de socorro, quando possível sem risco pessoal, acarreta pena de detenção, de um a seis meses, ou multa. Neste caso, a ausência de providências imediatas por parte das testemunhas pode configurar tal infração.

A frieza daqueles que presenciam o caso, o abandono do local que ocorreu o fato, e a falta de apoio moral, ou física à pessoa que sofre abuso, levanta certa dúvida: Caso houvessem agido em defesa da vítima, fins trágicos seriam evitados?

As ações das testemunhas presentes põem luz a um discursão não tão nova, trata-se da possível conivência ao crime, quando não é prestado nenhum tipo de apoio a vítima.

Deixa-se claro que a responsabilidade por danos contra a segurança e vida das pessoas afetadas, parte principalmente do criminoso, porém, a falta da imposição de testemunhas influencia o desfecho do cenário.

Segundo pesquisas, o silêncio diante de casos de violência contra a mulher, está matando vidas e é uma das principais causas de feminicídio. Segundo o site Comunicação Sindical, “Embora o Brasil tenha avançado muito com a Lei Maria da Penha, os números de agressões ainda são altos. Em 2016, o país registrou 63.090 casos de violência, o que corresponde a um relato a cada 7 minutos.”

Quem nunca ouviu o ditado popular, “Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”?  Este princípio de neutralidade frente a discussões, agressões, violências verbais, psicológicas, ou até mesmo assassinatos, contribuem sim, para fins trágicos.

Toda esta realidade pode muito bem ser influenciada por um pensamento machista que está entranhado nas raízes da sociedade a séculos; a hierarquia masculina no relacionamento, onde, numa discussão de casal, pessoas não devem contrariá-lo, mesmo que seja por um bem maior.

A história de Fernanda Ferreira, foi mais um fruto da falta de humanidade do criminoso, que certamente estava alimentado de princípios odiosos, machistas e arcaicos. E da negligência daqueles presentes no momento do crime, que cometeram omissão de socorro.

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