Criança foi resgatada por efetivo do 2º BPChq em cativeiro após quase um dia de buscas
O efetivo do 2º Batalhão de Choque (BPChq) resgatou, na manhã desta quarta-feira, uma menina de 9 anos que havia sido raptada em Tramandaí, no Rio Grande do Sul. A criança foi encontrada dentro de um alçapão, em uma loja de conveniência, e relatou ter sofrido abusos. Um homem de 61 anos, tido como suspeito, foi linchado e acabou morrendo.
A criança era procurada desde a tarde de terça-feira. De acordo com a Brigada Militar, ela sumiu enquanto brincava sozinha em uma praça na rua São Marcos, no bairro Parque dos Presidentes, por volta das 16h.
Ao anoitecer, a mãe da criança registrou um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento. Além disso, os vizinhos espalharam cartazes pelo bairro e circularam com um carro de som que chamava pelo nome dela, mas não houve resultados.
O pai da criança chegou a ir ao mercado onde ela era mantida refém. Ali, ele conversou com o suspeito e estranhou o som alto que havia ali e um arranhão no nariz dele, mas não chamou os policiais de imediato.
Entenda como aconteceu o resgate
Nesta manhã, próximo às 10h, munidos de informações do Setor de Inteligência da corporação, PMs do Choque encontraram a vítima. Ela estava com as mãos amarradas, dentro de um calabouço nos fundos do estabelecimento, que fica no mesmo bairro onde ocorreu o rapto e seria propriedade do suspeito.
A vítima, ao perceber a presença dos policiais ali, gritou por socorro e indicou onde estava. O esconderijo, no chão, era camuflado por uma tampa de concreto, além de ter caixas de cerveja em cima.
O sequestrador teria oferecido um picolé para atrair a vítima. Quando a criança entrou no local, foi trancada na armadilha.
De acordo com o coronel Artur Marques de Barcellos, comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO Litoral), o calabouço tinha pouco mais de um metro de profundidade. O oficial adiciona que a menina, apesar do forte trauma que sofreu, está fora de risco e passa bem.
“Ela foi encontrada em um buraco concretado. Parecia um bunker, um cativeiro, com uma boca de 50 centímetros de largura e pouco mais de um metro de profundidade, e que se estendia na horizontal. A tampa também era de concreto e ainda havia caixas com garrafas em cima. A menina foi prontamente socorrida e passa bem”, destaca o coronel Artur Marques de Barcellos
Ainda segundo o coronel Barcellos, o resgate ocorreu a partir de relatos colhidos na vizinhança, denúncias via 190 e análise de imagens de câmeras de monitoramento. Ele conta que PMs foram ao lugar indicado e questionaram o suspeito. Os pedidos de socorro da vítima foram ouvidos durante a abordagem.
“Uma equipe da Operação Golfinho, com policiais militares do Choque e do Setor de Inteligência, esteve no estabelecimento para abordar o proprietário. Enquanto eles faziam a interação, ouviram os chamados de socorro da vítima e iniciaram as buscas ali”, detalha o comandante do CRPO Litoral.
Criminoso foi linchado
Dezenas de pessoas organizaram um protesto em frente ao armazém. A população, no auge da fúria, invadiu o lugar enquanto a ocorrência ainda estava em andamento e passou a agredir o sequestrador. Ele foi atingido por chutes, socos, garrafas, tijolos e pedras. O estabelecimento e um carro dele também foram depredados.
Os PMs tentaram conter o tumulto com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogéneo. Um policial foi atingido por uma garrafa e teve ferimentos no braço.
O suspeito chegou a ser socorrido ainda com vida, mas morreu enquanto era atendido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A ficha criminal dele acumulava registros por feminicídio, tráfico de drogas, furto a veículo, crueldade contra animais e lesão corporal. Relatos da vizinhança dão conta que ele não costumava chamar atenção e nem causar problemas.