Crise energética regional escancara falhas sistêmicas e o futuro incerto da concessão da Coelba

Nos últimos dias, a população de Valença e regiões do Baixo Sul e Recôncavo tem enfrentado não apenas as consequências das chuvas constantes, mas também a crescente instabilidade no fornecimento de energia elétrica. A recorrente falta de energia, intensificada pelas condições climáticas adversas, gerou um ciclo de insatisfação pública e pressões políticas sobre a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), que agora se vê no centro de um debate sobre a renovação de sua concessão.

O clima severo, caracterizado por chuvas intensas, raios e ventos fortes, tem sido apontado pela própria Coelba como o principal fator para as quedas de energia. Em comunicado divulgado no último domingo (24), a companhia destacou que plantões emergenciais foram acionados para monitorar e reparar o sistema elétrico. No entanto, embora o clima adverso seja uma justificativa plausível para interrupções momentâneas, ele não explica as falhas persistentes no serviço ao longo dos anos.

A crise energética expôs uma fragilidade estrutural que vai além das intempéries naturais. A mobilização de equipes técnicas e veículos pelas ruas de Valença nesta semana refletiu a falta de infraestrutura robusta e planejamento adequado para eventos climáticos extremos.

Essa percepção não se restringe aos cidadãos. Na última terça-feira (19), durante uma audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia, a renovação da concessão da Coelba foi colocada em xeque. O deputado estadual Robison Almeida (PT), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), apontou que a empresa enfrenta um profundo desgaste na opinião pública, o que compromete a legitimidade de sua renovação. Segundo ele, uma consulta popular provavelmente resultaria na rejeição do contrato, destacando a necessidade de “contratos mais rígidos, com definição clara do interesse público e a boa prestação dos serviços essenciais”.

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Essa análise revela um problema mais amplo: a concessão de serviços essenciais não pode ser tratada como uma mera relação contratual. A falta de confiança da população na Coelba levanta questões cruciais sobre a responsabilidade social das concessionárias e a eficiência do modelo de regulação. A audiência pública evidenciou que a Coelba precisa não apenas melhorar tecnicamente, mas também reconstruir sua relação com a sociedade, demonstrando compromisso com a qualidade e a continuidade do serviço.

Com a renovação da concessão projetada para mais 30 anos, a decisão não pode ser apressada ou tomada sem uma avaliação rigorosa. O futuro energético da Bahia está em jogo, e qualquer decisão deve priorizar o interesse público, garantindo que situações como a enfrentada atualmente não se tornem a norma, mas sim a exceção.

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