Em Campinas, a prefeitura começou a construir 116 moradias de 15 m² para abrigar famílias que hoje habitam na ocupação Nelson Mandela. A previsão é que 450 pessoas sejam abrigadas, o que dá quase quatro pessoas por casa. A decisão foi alvo de críticas, apesar de alguns beneficiados se sentirem vitoriosos por terem acesso à moradia.
De acordo com a prefeitura, depois da assinatura do contrato, as famílias terão até seis meses para começarem a quitar o financiamento. “A mensalidade de menor vale equivale a 10% do salário mínimo”, informou o Executivo local.
Mas, afinal, como são as casas? E o que cabe exatamente em 15m²?
Na atual configuração, as casas, que ainda não estão prontas, têm dois cômodos (veja foto abaixo). Logo na entrada, à direita, fica um cômodo menor, onde deve ser instalado o banheiro. Ao lado, há um cômodo maior, com uma janela. Segundo a prefeitura, o terreno tem 90 m² de área total.
No espaço de 15 m² configuram a um retângulo de 3 m x 5 m, ou pouco menos que 3,5 m x 4,3 m. No interior do ambiente, cabe uma cama de solteiro ou de casal, uma pequena escrivaninha, um armário e uma área de circulação limitada.
Se for uma sala de estar, por exemplo, há espaço para um sofá pequeno (ou poltrona), uma mesa de centro, uma estante, uma TV e uma pequena área para circulação.
Crítica ao projeto
O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Tomás Moreira, especialista em política habitacional, criticou o fato de o imóvel não se adequar ao conceito de moradia digna recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Aquilo não poderia ter sido oferecido. A ONU estipula no mínimo uma cozinha, um cômodo e um banheiro. A ONU coloca a cozinha como fundamental, é a base de sobrevivência das famílias. Os custos de construção de uma cozinha são mais caros. Seria fundamental que a prefeitura já fornecesse com equipamentos”, explica.